Mas…qual é o segredo?

Como prometido no post em que fiz um balanço de 2006, vão aí alguns pensamentos sobre o sucesso que a AG_407 vem obtendo nesse curto prazo de tempo.

Recentemente um presidente de agência perguntava à sua assessora de imprensa, com certa indignação, (quase nada fica em segredo nesse nosso negócio) porque se falava tanto na AG_407, e qual era a nosso segredo, já que da perspectiva dele, tudo isso não passa de hype.

Sendo esta, uma empresa democrática e que acredita em compartilhar informações (tanto que o InVitro é aberto a quem estiver interessado), vou revelar aqui e agora, a fórmula revolucionária que nós estamos pondo em prática para alcançar esse sucesso, e que está gerando tanta curiosidade e expectativa.
E é a seguinte: não existe nada, absolutamente nada de revolucionário em nosso modus operandi. Aliás, todo o contrário, se fazemos alguma coisa inovadora, é que olhamos para trás. Vinda de uma agência considerada de vanguarda, e que faz um trabalho diferenciado, isso pode parecer uma contradição, mas é a mais pura verdade.
Me explico: no nosso negócio, tudo já foi dito, feito, estudado, testado, aprovado e desaprovado, e está tudo publicado, é só ler. Acontece que a nova geração de líderes do setor, ignora olímpicamente a história do próprio trade. E na busca por encontrar um diferencial, ficam na frenética e pouco produtiva atividade, de criar factóides e novas e mirabolantes teorias que vão salvar a lavoura, quando, na verdade, as únicas coisas que estão em transformação no nosso negócio são o advento de novas tecnologias e as tendências comportamentais da sociedade.
But, guess what: isso tem sido assim desde o princípio da publicidade.
Em 1923, Claude Hopkins, colocou no papel todos os fundamentos da propaganda científica, inventando o reason why e outras verdades imutáveis.
Nos anos 30 do século passado, Theodor MacMannus falava sobre a necessidade da comunicação de marca ser imbuida de uma mensagem altruísta, para ser aspiracional.
O agora, tão discutido “conteúdo”, foi criado pelas “soap-operas” dos anos 40, e a Benton & Bowles que era especializada nesse setor, expandiu suas áreas de expertise para se tornar uma agência 360 ou multidisciplinar, ou “ao infinito e álem”.
E nos anos 50, Marion Harper já havia criado o crescimento por aquisições, lançando a Intepublic - na época tiravam sarro dele e dessa mania de grandeza, chamando o seu conglomerado de Intergalatic.
Desde os anos 20, houve o cíclico alternar entre as tendências do hard e o soft-sell.
Vieram a compra de espaço nos jornais - e se criou o nome “agências”-, depois o cinema, o rádio, a TV, a internet, e as agências sempre souberam, com base em sua experiência e vocação negocial, se adaptar. É inerente ao nosso negócio.
Só no Brasil da atualidade, com algumas raras excessões, é que não.

E cientes disso, criamos a fórmula do nosso sucesso. Ei-la aqui: juntamos pessoas de muitíssimo talento, com muita experiência e com muito conhecimento do trade e da sua história. Pessoas que amam comunicação (o que mais existe, é o publicitário que, na verdade, queria estar fazendo outra coisa.). Profissionais que continuam curiosos e abertos ao novo, (condição “sine qua non” para não virar um publicitário de ontem. Sabe aquele cara insuportável, que acha que antes é que se fazia tudo certo, e que essa merda colossal que é a comunicação de hoje, é culpa é de todos, menos dele, e que ele só não ganhou no último Cannes porque foi boicotado e inscreveu errado). Juntamos pessoas que buscam beber em outras fontes, que não a própria propaganda, e que sabem contratar talentos de outras áreas que não seja a publicidade, oxigenando assim o nosso negócio. Pessoas que têm certeza de que só são tão boas quanto o último trabalho que fizeram, e que sabem inspirar a equipe. Pessoas que têm a humildade de saber que em outros lugares, talvez se esteja fazendo um trabalho melhor, e que buscam entender os porquês. Pessoas que querem trabalhar ou trabalharam em países mais desenvolvidos, para aprender e se aprimorar. Pessoas que têm uma das virtudes capitais de um bom publicitário: critério. Gente up-to-date, já que é impossível desassociar da nossa profissão o estar constantemente informados e atualizados -não é a toa que somos chamados de “mirror makers”, somos, efetivamente, o espelho da sociedade. Isso não é novidade, sempre foi assim.
Aliás, é uma contradição, uma agência ser ultrapassada, ou não estar preparada para a atualidade ou o futuro. Melhor nesse caso, mudar de ramo.

E pronto, com isso você também tem a base para fazer uma agência de sucesso, que vai responder às necessidades do Mercado. Agora é bom procurar bem, e rápido, porque no Brasil, publicitários que se encaixam nesse perfil, você conta em uma mão…e a do Lula.

And last but not least. Paciência. Quando você tiver esse embrião, esse núcleo, essa equipe, seja cuidadoso ao olhar para trás, para se inspirar nos exemplos certos.
Quando o D o P e o Z se juntaram, lá nos finais dos anos 60’s, eles já tinham uma bagagem enorme, além do monumental talento e, mesmo assim, se sentaram e comeram o pão que o diabo amassou por alguns anos, sem nunca deixar de fazer o melhor trabalho possível, inspirados pelo que havia de melhor no mundo, antenados e incassáveis nessa busca pela excelência, até terem o seu break e entrarem para a história.
O mesmo com o Julio Ribeiro, que com uma idéia de ética e qualidade, fundamentada na experiência, criou não só um marco na propaganda nacional, com cases inesquecivéis, com temas de campanha e não anúncios aleatórios e desconexos, que viraram vernacular da cultura brasileira, mas também com histórias antológicas sobre as dificuldades do começo de uma agência.
Ou o Alex Periscinotto, que introduziu o conceito de duplas criativas no Brasil, na época que aqui se fazia “reclame”.

Isso para concluir, que não existe o pulo do gato, nem fórmulas mágicas.
A busca de atalhos é um dos grandes responsáveis pelo cenário lastimável da publicidade atual. Onde existem também as seguintes crenças grotescas; a primeira é que se uma agência nova não estiver entre as top 20 em 3 anos, ela “não deu certo” (mais uma vez demonstrando a falta de informação sobre o próprio negócio. Bill Bernbach fundou sua agência em 1948 e só começou a aparecer e crescer em 1960), e a segunda é de que se um criativo passou dos quarenta ele não consegue mais criar, está aí o Ruy Lindenberg na sua melhor fase profissional, como o melhor diretor de criação de uma grande agência no Brasil, and mark my words, ele só está começando. Aliás, é muito difícil encontrar entre os grandes diretores de criação da Europa e dos EUA, um que tenha MENOS de quarenta.
E finalizando, nem tudo está perdido. Está funcionando para nós, e sabemos de gente muita boa, com o saco na lua, que também pensa em resgatar a essência do nosso negócio, e recomeçar.


Um Feliz e abençoado Natal a todos, e um ótimo 2007,

Alex

Comments

Anonymous said…
Sensacional!
Anonymous said…
Sensacional duas vezes!!!!!
Feliz 2007 e um super Natal ai pra vcs!
Abs
;)
Anonymous said…
Incrível!! Segredo p/ qualquer um que queira ter sucesso na vida!!!

E feliz natal e ótimo 2007 p/ vcs também!

Luigi
Anonymous said…
Boa Alex!
É bom acrescentar que fizemos essa agência com um tanto de coragem e desprendimento, só pra podermos fazer nosso trabalho da forma que gostaríamos, sem ficar olhando pro próprio umbigo, ou pior, pro umbigo dos outros.
Também é bom lembrar que aqui na ag407 as pessoas vêm trabalhar com o espírito da aventura, da descoberta, na certeza de que o trabalho vai trazer aquela sensação de realização. Como diz o nosso amigo andróide do filme do Johnny Walker, pra vc ser imortal (exagero, ok, mas vale pela alegoria) basta fazer uma coisa relevante, basta realizar.

Sem contar a qualidade (não estou falando de habilidades e talentos, isso seria redundante) do pessoal que trabalha aqui, que acredita e compartilha do nosso projeto. Autonomia criativa e operacioal!

E vou te falar uma coisa: todo mundo fala que nós somos legais, revolucionários, bacanas, mas até hoje essa ficha aqui dentro não caiu, e acho que aí está o segredo. Talvez no dia em que a ficha cair a coisa possa ficar diferente, talvez correremos o risco de nos acomodar. Mas a ficha aqui não cai.

E tomara que fique assim!
Bjs a todos, bom final de ano pra todo mundo,

AF
Nelson said…
É isso aí Alex. Está tudo aí, é só continuar curioso e interessado em descobrir. Parabéns. Feliz Natal para todos aí. Abraço, Nelson.
Anonymous said…
sou cada dia mais fã e anotei tudinho pra tentar repetir essa receita em casa. quando eu crescer quero ser igual ao pessoal dessa agência......
Anonymous said…
bem bom. bem bom. E sempre, sempre, manter todas essas coisas na cabeça para não deixa-las apenas para conversas politicas, como acontece com muitos desse meio publicitário. Parabéns.
Anonymous said…
Alex,
Muito legal mesmo pela crueza e sinceridade. Não sei o que aconteceu e em qual momento a corda do violão esgarçou, mas aproveito o primeiro dia 2 de 2007 para lembrar uma frase, cujo autor não me recordo no momento, muito em cima disso: "o óbvio é simples, mas muito sofisticado".
Zé Reinaldo

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