Insider joke
Matéria que saiu no blog Diario de bordo, da Regina Augusto.
Rings a bell?
Eu já falei aqui que, às vezes, alguns discursos cansam, pois geralmente eles são muito parecidos, mesmo nas agências que mais entregam coisas interessantes. Talvez seja isso o que faz a Wieden+Kennedy ser hoje a agência mais bem conceituada do mercado global. Não há discurso ali. Há uma atmosfera e um ambiente realmente criativo e interessante. Na entrada do escritório de Londres, você já se depara com o "Blender Man", um manequim em tamanho natural de um homem vestido como um executivo com um liquidificador (blender) no lugar da cabeça. Na sua pasta a frase: "Walk in stupid every morning". Esse é o lema da agência: comece o dia não sabendo nada. O genial mantra criado por Dan Wieden traduz exatamente a filosofia da agência. "Quando você não sabe algo, você tenta desesperadamente encontrar a resposta". A frase de Dan é o princípio por trás dessa abordagem na qual toda a agência se baseia. Depois que você passa pelo homem liquidificar, dá uma sensação de estar entrando em uma loja de quinquilharias, no melhor estilo mercado de pulgas inglês. O hall de entrada da W+K contém inúmeros objetos, uma série de quadros na parede, uma motocicleta Honda antiga, uma mesa de bilhar e até alguns sofás. Um certo caos organizado. Outro princípio da agência. Não há processos, não há salas de reuniões com mais de quarto lugares, não existe departamentos. Fui recebida pelos diretores de criação da agência, Tony Davidson e Kim Papworth, respectivamente, diretor de arte e redator, dupla que comanda, há sete anos e meio, o escritório mais badalado da W+K hoje no mundo. Foi como aqueles maravilhosos papos de boteco com um tom de descontração e informalidade tão interessante que parecia que nos conhecíamos há tempos. Só faltou a cervejinha. O bom humor dos dois e a aparência despachada de ambos não é apenas um clichê, eles são assim mesmo e traduzem bem o espírito da agência. "Não adianta nada eu dizer para você que temos aqui um processo científico que nos faz sermos bacanas. Não. Nossa 'cultura' é justamente nos despojarmos de vícios, amarras e coisas prontas. Abrir a mente para aprender. Quem chega aqui achando que é o máximo, sempre se dá mal", diz Kim, ele próprio um cara que se você encontrasse na rua não daria um tostão furado por ele. Tony, o mais falastrão da dupla, explica que há pessoas que não se adaptam a essa cultura, assim como clientes. "Quando nós contratamos profissionais, a seleção é demorada e passa por muitas entrevistas porque realmente temos que checar se há uma química e um perfil que se encaixa ao nosso". Questionado sobre como esse perfil meio caótico conseguiu construir um case de sucesso para a Honda, uma tradicional companhia japonesa com uma cultura empresarial oposta a essa proposta, a resposta foi: "Não foi fácil, nem foi do dia para a noite. Mas uma das coisas que procuramos fazer aqui é respeitar as diferenças. Não precisa ser todo mundo igual também. O mundo seria bem sem graça se assim fosse. A única sala de reuniões com mais de quatro lugares foi feita justamente para receber o pessoal da Honda, pois japoneses andam sempre em bando", conta Tony soltando uma boa gargalhada. A entrevista só ganhou ares mais comportados quando a assistente dos dois chegou à porta da sala onde estávamos dizendo que faltavam poucos minutos para o compromisso seguinte.

Tony Davidson e Kim Papworth
Rings a bell?
Eu já falei aqui que, às vezes, alguns discursos cansam, pois geralmente eles são muito parecidos, mesmo nas agências que mais entregam coisas interessantes. Talvez seja isso o que faz a Wieden+Kennedy ser hoje a agência mais bem conceituada do mercado global. Não há discurso ali. Há uma atmosfera e um ambiente realmente criativo e interessante. Na entrada do escritório de Londres, você já se depara com o "Blender Man", um manequim em tamanho natural de um homem vestido como um executivo com um liquidificador (blender) no lugar da cabeça. Na sua pasta a frase: "Walk in stupid every morning". Esse é o lema da agência: comece o dia não sabendo nada. O genial mantra criado por Dan Wieden traduz exatamente a filosofia da agência. "Quando você não sabe algo, você tenta desesperadamente encontrar a resposta". A frase de Dan é o princípio por trás dessa abordagem na qual toda a agência se baseia. Depois que você passa pelo homem liquidificar, dá uma sensação de estar entrando em uma loja de quinquilharias, no melhor estilo mercado de pulgas inglês. O hall de entrada da W+K contém inúmeros objetos, uma série de quadros na parede, uma motocicleta Honda antiga, uma mesa de bilhar e até alguns sofás. Um certo caos organizado. Outro princípio da agência. Não há processos, não há salas de reuniões com mais de quarto lugares, não existe departamentos. Fui recebida pelos diretores de criação da agência, Tony Davidson e Kim Papworth, respectivamente, diretor de arte e redator, dupla que comanda, há sete anos e meio, o escritório mais badalado da W+K hoje no mundo. Foi como aqueles maravilhosos papos de boteco com um tom de descontração e informalidade tão interessante que parecia que nos conhecíamos há tempos. Só faltou a cervejinha. O bom humor dos dois e a aparência despachada de ambos não é apenas um clichê, eles são assim mesmo e traduzem bem o espírito da agência. "Não adianta nada eu dizer para você que temos aqui um processo científico que nos faz sermos bacanas. Não. Nossa 'cultura' é justamente nos despojarmos de vícios, amarras e coisas prontas. Abrir a mente para aprender. Quem chega aqui achando que é o máximo, sempre se dá mal", diz Kim, ele próprio um cara que se você encontrasse na rua não daria um tostão furado por ele. Tony, o mais falastrão da dupla, explica que há pessoas que não se adaptam a essa cultura, assim como clientes. "Quando nós contratamos profissionais, a seleção é demorada e passa por muitas entrevistas porque realmente temos que checar se há uma química e um perfil que se encaixa ao nosso". Questionado sobre como esse perfil meio caótico conseguiu construir um case de sucesso para a Honda, uma tradicional companhia japonesa com uma cultura empresarial oposta a essa proposta, a resposta foi: "Não foi fácil, nem foi do dia para a noite. Mas uma das coisas que procuramos fazer aqui é respeitar as diferenças. Não precisa ser todo mundo igual também. O mundo seria bem sem graça se assim fosse. A única sala de reuniões com mais de quatro lugares foi feita justamente para receber o pessoal da Honda, pois japoneses andam sempre em bando", conta Tony soltando uma boa gargalhada. A entrevista só ganhou ares mais comportados quando a assistente dos dois chegou à porta da sala onde estávamos dizendo que faltavam poucos minutos para o compromisso seguinte.
Tony Davidson e Kim Papworth
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